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Manifesto

MANIFESTO DO GRUPO POPULAR PESQUISA EM AÇÃO

Em resposta à tradicional maneira de produzir conhecimento adotada pela Academia e às influências da lógica da produtividade do mercado, o Grupo Popular Pesquisa em Ação, fundado e atuante no Rio de Janeiro, está sendo construído. Formado por ativistas que percebem a importância da pesquisa voltada para as lutas sociais e fruto de suas demandas, o grupo popular pretende ser uma alternativa que reconhece a importância da Universidade e, ao mesmo tempo, visa lhe dar outro sentido. Entende que uma Universidade deve servir aos interesses do povo e não a demandas privadas e, para isso, deve possuir sua participação ativa, além de ter acesso livre, sem restrições, provas ou vestibulares. Diante disso, esse Manifesto é um ponto de partida para a construção do grupo e um convite para a sua ampliação.

Por que “Grupo Popular Pesquisa em Ação”?


GRUPO: o grupo é horizontal, apartidário, anticapitalista, não-hierárquico, antifascista, anti-sexista e revolucionário, unido pelo princípio de construir um conhecimento livre das restrições acadêmicas e do capital.

A Universidade, seus recursos e seu papel na transformação e produção de conhecimento são importantes. No entanto, os interesses do mundo acadêmico de hoje são muito subservientes à lógica do mercado. Por isso, o grupo popular é independente e busca dialogar tanto com a Universidade, como com os movimentos sociais e grupos políticos. Para tanto, visa não ser apenas uma ponte entre esses dois espaços, mas uma proposta de estímulo a uma construção de conhecimento autônoma, fruto dos movimentos sociais e das lutas populares. A produção de conhecimento é baseada em pesquisa individual e coletiva, leitura e debates de textos e propostas, onde dúvidas, anseios e inquietações são compartilhadas.

POPULAR: o grupo está aberto a qualquer pessoa, acadêmica ou não, que queira participar – ativistas, trabalhadores, estudantes, pesquisadores etc – e que esteja disposta a atuar de acordo com os princípios e fundamentos do grupo, reconhecendo que o conhecimento não é apenas o oficial da academia, mas, também, o construído coletivamente na prática diária e na rua.

A relação recorrente que pesquisadores têm com os movimentos sociais, como objetos a serem observados, apesar de haver um extenso debate sobre isso nas diversas áreas de conhecimento, ainda produz uma constante segregação entre o saber acadêmico e o saber popular de forma hierarquizada. E por mais engajados que sejam os debates a estrutura acadêmica não permite essa superação. Além de restringir o conhecimento produzido ao mundo acadêmico, muitas vezes sem deixar nenhum retorno ou benefício para quem está sendo só pesquisado, frequentemente não o enxerga como sujeito ativo de mudanças.

Esse conhecimento precisa ser produzido coletivamente e compartilhado. A pesquisa não deve se restringir ao grupo nem é apenas da responsabilidade de alguns técnicos ou especialistas, apesar da importância do estudo técnico e especializado. O próprio movimento, juntamente com o grupo, deve ser o sujeito da produção do conhecimento, voltado para as necessidades de suas lutas.

PESQUISA: a pesquisa é fundamental para o avanço das lutas políticas e sociais. Ela precisa ser livre das interferências dos interesses capitalistas para que possa servir aos grupos políticos e aos movimentos sociais revolucionários.

Através da pesquisa é realizada uma reflexão crítica, dotando o movimento de conhecimentos específicos e gerais para compreender a sociedade em que vivemos e, ao mesmo tempo, para desenvolver mecanismos que permitam auxiliar em sua transformação. A pesquisa organiza e sistematiza o conhecimento e permite desenvolver métodos e ferramentas de apoio e análise para aperfeiçoar a atuação dos grupos e movimentos. Além disso, a pesquisa é a possibilidade de socializar os conhecimentos produzidos.

De acordo com esses princípios, a universidade e a pesquisa devem estar a serviço do movimento. A pesquisa vem ao grupo e volta para as mãos do movimento. As perguntas surgem coletivamente pelos pesquisadores como militantes e por qualquer grupo ou ativista que deseja participar desse processo de construção de conhecimento.


EM AÇÃO: a pesquisa do grupo vem da ação e as perguntas, das lutas diárias. A pesquisa deve estar nas mãos do movimento. O que se aprende na faculdade, na vida, na rua e no trabalho deve ser usado para a luta, para ajudar a entender melhor o mundo, seus conflitos e contradições e, ao mesmo tempo, pensar e elaborar quais são as estratégias mais eficazes para a construção de uma nova sociedade.

A pesquisa se ​aplica não só para alcançar novos resultados, mas como um processo dinâmico de educação, capacitação e crescimento coletivo. A pesquisa tem base no princípio da participação ativa, que começa a partir de uma formulação coletiva de objetivos, desenvolve-se de forma dinâmica, envolvendo todos os atores envolvidos e pode produzir conhecimento útil na prática diária da revolução.